sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Textos de exposições

Pensando um pouco esse fim de semana nas minhas férias, nos meus estudos que ficaram de lado e na minha vontade de continuar estudando história da arte e outras coisitas mais, me fez revirar meus e-mails antigos em busca dos meus antigos textos sobre exposições. Esses textos eu escrevi na época em que estava fazendo um curso no Parque Lage com a Fernanda Lopes chamado "Laboratório de pesquisa e prática de texto em arte". Toda semana tínhamos que escrever algo sobre uma exposição que escolhéssemos visitar e apresentar na aula. Vou toda semana colar um desses textos aqui, pra quem sabe despertar a curiosidade de algumas pessoas sobre arte e sobre alguns artistas específicos. Exposição “Simplesmente Doisneau” A exposição “Simplesmente Doisneau” que permanece em cartaz até o dia 17 de Junho no Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF), comemora o centenário de nascimento de um dos mais renomados fotógrafos franceses do século passado, Robert Doisneau (1912-1994). A curadoria fica por conta de Agnès de Gouvion Saint-Cyr, que escolheu 152 fotografias em preto-e-branco para compor a mostra, que se encontram espalhadas por quatro salas do CCJF, divididas entre doze temas. Interessante durante o percurso da mostra é observar a variedade de situações em que Doisneau procurou captar as pessoas da capital francesa, desde mulheres em vestidos de noiva até à soldados caídos no chão em posição desoladora durante a Segunda Grande Guerra. Outro ponto alto das fotografias é o semblante dos franceses retratados, pois parece que o artista consegue capturar um momento muito específico e oportuno, de forma natural e espontânea, e por um momento aqueles olhares a quem olha, parecem querer dizer algo, que ficou congelado no tempo através daquela imagem. É a vida noturna, crianças, soldados, mulheres, mendigos, pedintes, bares, restaurantes que o artista recortou no tempo, tornando-as imagens icônicas que até hoje são vendidas como souvenires em postais e calendários, como a famosa cena de beijo entre um casal ("O beijo do Hotel de Ville"), que ao nos depararmos, logo vem à mente uma espécie de dejavú que diz: já vi isso antes em algum lugar. Mas não é só um ar melancólico que enche o visitante ao se deparar com aquelas fotos de uma Paris do século passado com seus caffes, é possível identificarmos uma pitada de humor e um uma descrição detalhada de interiores da época. Em uma aparente fotomontagem, Doisneau une diversas fotografias de vários apartamentos em um mesmo edifício, algumas lado a lado (como se fossem vizinhos) e outros abaixo (representando os andares), em que podemos observar o interior de cada um deles, como se fossemos voyeurs de todos esses lares, com seus objetos próprios que dão uma certa personalidade a quem ali habita. Mais a frente nos deparamos com uma sequência de fotografias, em que em cada uma delas aparece uma pessoa diferente, mas olhando para o mesmo quadro, de uma mulher nua, que se encontra em uma vitrine do que aparenta ser uma loja ou talvez uma galeria. O que atrai o olhar nessas fotografias é como as reações divergem, desde o espanto à indiferença. Outra série de fotografias de destaque são aquelas em que retrata visitantes do Louvre observando a “Monalisa”, que apesar do status da obra a qual faz referência, as imagens e a fotografia em si não despertam muita atenção. Fechando a exposição, a última sala possui as já mencionadas sequências e algumas outras fotos de um concurso de tatuagem, que são artisticamente belas pela própria estranheza que os desenhos causam por serem um tanto quanto peculiares . Chama a atenção também o fato do artista escolher tatuagens de péssima qualidade, fazendo-nos imaginar que se fotografou de fato um concurso, escolheu retratar os perdedores. E em um telão o documentário “Robert Doisneau: Tout Simplement”, de Patrick Jeudy, de 67 minutos, que conta um pouco da vida e do trabalho do fotógrafo. Esse filme apesar de dar conta de informações que não são passadas ou não ficam claras durante a visitação, por ser muito longo, não se adequa bem ao formato de uma exposição, cansando os espectadores que se levantam antes do fim.

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