quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Aquele que todos tememos





Hoje em dia tudo se resume a tempo, tempo gasto, tempo passado, temporizações, temporais e tempestades. O tempo tão distante, tão perto, se faz tão presente, tão pretérito. Sinto falta dos tempos de menina, daquele tempo que passava assim rápido arrastado e eu não sentia passar, mas nunca faltava-me o tempo. Era moleca manhosa, dengosa, carinhosa e gostava de brincar, o tempo era um dos meus amigos queridos de infância. Cresci  e virei mulher e me tornei independente, adulta, madura algumas vezes, verde muitas outras. E a solidão do tempo apressado me bateu com força nas costas, fazendo pesar toda a bagagem dos dias que se passam e dos dias que passarão. Nunca agarro o danado mais, tá sempre fugindo de mim, corre pra lá e pra cá e eu corro junto. Me esgueiro, o espreito, mas ele escapa, me desafia todos os dias, a retê-lo um cadinho comigo. Passo os dias então a reclamar de sua falta, ou seu excesso quando as férias chegam, não sei mais lidar com o fujão. Ele me desconcerta, me intriga, me transtorna. Cadê o tempo, meu deus? Cadê? Chefe me dá um cado de tempo? Preciso de tempo, minha vida anda pros lados de lá, mais do que pros lados de cá. Ai eu temo o tempo que se foi ou tempo que se esvai. Me vou um dia e o tempo, no entanto por ai fica.

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 Estou lendo o livro da Mónica Ojeda, chamado Madíbula. É um livro incrível no sentido de que, mesmo eu já tendo muitas coisas que me arrepi...